quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Pierrot apaixonado.

Eu estava jogado naquele beco sujo. Naquele beco sujo, eu estava jogado. E eu podia ver ao meu lado, garrafas baratas, largadas naquela rua pacata, onde eu me afoguei em solidão. E eu sentia o meu frágil coração se quebrar em pedaços, como em pequenos retraços, sofrendo com o embaraço da ilusão. E cada gota que caía dos meus olhos, você respondia em refolhos, sem se preocupar se aquilo iria volatilizar o que eu sentia por você. E eu te via na ciranda, em demanda de alegria, você rodopiava, você ria, para outro, não para mim. E eu me perguntava porque tem de ser assim, enquanto me escondia atrás do muro, com meus sentimentos inseguros, talvez um pouco imaturos, mas você me entenderia. Sorria, ah, tão bonita colombina! Teu sorriso me afetava mais do que anfetamina, fazendo-me sorrir junto, na esquina, ao te ver tão deslumbrante, seus olhos cintilante, isso era confortante. E então desafiante, ele se aproximou. Apresentou-se como arlequim, sua pele cor de marfim, suas roupas multicolor. E com sua conversa de botequim, ele te conquistou. Encantada como em um jardim, você era a rosa, entretida na prosa do seu admirador. E eu te observei ir embora, tão maravilhada, tão aurora, que nada pude dizer. Mas o que fazer? Sou só um simples pierrot, que não tem nada para te oferecer, apenas o meu dilacerante e não tão importante, amor.

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