terça-feira, 27 de julho de 2010

Camaleoa.

Não sei quem sou. Olho-me no espelho e vejo duas faces, com cinco personalidades cada. Perco-me na contagem e no labirinto que existe dentro de mim. E em cada saída encontro eu mesma parada na porta. Várias de mim, que prendem-me e sufocam-me. Cada uma com seu jeito, sua feição, pensamento. Fecho os olhos e grito "Chega". Abro-os em seguida e encaro o espelho, dessa vez vazio. Não encontro nada, a não ser um lugar vago. Todas se foram. Toda minha inconstância.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Estrelas.

"Uma noite estrelada vale a dor do mundo." Suspiro ao ler essa frase da Adélia Prado. De certa forma, ela está correta. Olho pela estreita janela do meu quarto e observo os pequenos corpos celestes pintarem o céu com seu brilho. A imensidão negra do céu noturno me engole, absorvendo todos meus medos e anseios. E essa dor, aqui dentro, vai sumindo aos poucos ao abrir minhas pálpebras e ouvir um som parecido com milhares de guizos. Oh sim, as estrelas sorriem para mim. E por um milésimo de segundo, sinto-me novamente feliz. Certamente Adélia Prado estava correta.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Delírios.

Sonho com o que não posso ter. Sonho com um céu à noite, com seus tons de azul marinho intrigantes e estrelas de lata. Sonho com árvores feitas de tangerina e grama de marmelada. Sonho que sou a Lucy. Sonho com pássaros vermelhos rubi que voam devagar pela tonalidade amarela do céu pela manhã, planando tranqüilos, como se não tivessem medo de nada. De nada. Sonho com uma sociedade sincera. Sonho com uma cidade feita de cores, sons, cheiros e sabores. Fecho os olhos e vejo a música, danço com ela, perco-me em seu corpo. Sonho com um enorme campo feito de girassóis coloridos e anormalmente maiores, com crianças correndo pelo redor e tentando subir em seus caules. Sonho que a felicidade é um pássaro violeta, e eu corro atrás dele, tentando enjaulá-lo em meu corpo. Sonho que a morte é um primo distante do medo. Abro os olhos e encontro-me sentada no chão de um quarto escuro. Esse é o meu sonho. E o seu?

Conto.

A menina sorriu sincera e olhou para baixo rapidamente, sentindo o olhar do garoto sobre si durante os poucos segundos de seu ato. Elevou o rosto quando sentiu uma leve brisa de verão tocar seu corpo suavemente e observou o menino sorrir. Ele gostava dos pequenos toques, de coisas simples. – Então, como você está? – Ele desviara o olhar da relva e observara a menina, sorrindo. Preocupava-se com ela. Muito. – Acho que agora bem. – Ela dissera e ele sorrira. – Eu lhe disse que os problemas eram momentâneos. Eles sempre vão embora. E eu estarei aqui lhe ajudando sempre. – A menina abaixou a cabeça envergonhada por um momento e concordou. – Sim, eu encontrei em alguém motivos para continuar. – Ela dissera e levantara o rosto devagar. – Você? – O menino perguntara e sorrira. – Não. Você.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Here come's the sun.

Um dia de sol é tudo que eu preciso. Céu azul com gaivotas planando no ar e raios solares tocando o mar como em suaves beijos. Andar na beirada da praia e sentir a gostosa sensação de meus dedinhos dos pés afundarem na areia. Fechar os olhos e suspirar aliviada, sentindo a brisa marítima bater suavemente em meu rosto, levando meus problemas momentâneamente consigo. Esboçar um sorriso sincero ao ver crianças brincando na areia, com seus olhares puros e inocentes, sem saber das dores do mundo. Ouvir pássaros encantando o seu redor com suas melodias intrigantes. Observar um casal de velhinhos tomar água de coco sentados em um banquinho de madeira, trocando olhares apaixonados, e convencer-me por um segundo que o amor existe. E que um dia eu também terei um momento assim. Um dia de sol é tudo o que eu preciso. Então, me diga, quando esse céu nublado sumirá?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Love.

O amor vence tudo”. Certa vez li essa frase em algum lugar. “O amor vence tudo”. Será mesmo? Será o suposto amor tão forte que acabaria com qualquer sentimento, emoção? Medo, raiva, ódio, insegurança... E como saberemos que é amor? Cansei de ser iludida com velhos livros de histórias infantis, sugerindo que o amor é aquelas banais e clichês borboletas no estômago. É o príncipe montado em seu cavalo branco, com todas suas perfeições. Não. Eu acho que o amor é bem mais que isso. O amor não tem face. Não tem cavalo. Não tem que ter perfeição. Não existem borboletas, não no começo... O mais perto disso é no fim do amor. Cria-se um gigantesco buraco negro no seu estômago, que suga toda sua felicidade. Esperança. Mas, o amor em si, é como caminhar em uma ponte de olhos fechados. Ou você supera o medo de seguir até o final, ou então você vai ficar parada. Sozinha. No começo da ponte.