terça-feira, 31 de agosto de 2010

Cerejeira.

Desculpa, mas, é assim que eu me sinto. Absurdamente feliz em um minuto, triste no segundo seguinte. Sorrindo em uma hora; outrora chorando pela solidão. Feliz pela solidão. Essa sou eu. Uma árvore arcaica cujas raízes ardilosas mudam de lugar sorrateiramente, procurando por sol. Procurando por chuva. Procurando por vento. Procurando por um pedaço que me falta aqui dentro, fazendo com que todas minhas personalidades criem uma gigantesca balbúrdia. Esse pedaço talvez seja você.
Fico calada, tênue em meu espaço, sentindo o gélido vento noturno vir calmamente até mim, convidando-me para uma dança. Fecho meus olhos e tento esquecer de tudo. Limpar minha mente, abrir as portas para novas possibilidades, novas chances. Novos amores. Me desapegar, e deixar o vento ir embora com todas minhas dores, angústias, medos, e você. E o vento tenta se encarregar disso, mas, de alguma forma que não sei explicar, minhas raízes agarram as memórias, não deixando-as ir. Não deixando a dor ir. Talvez seja porque já me acostumei com elas. Talvez seja porque essa dor me lembre você. E por mais que eu deseje de uma maneira insana que tudo isso se vá, ao mesmo tempo eu não quero deixar ir. Não consigo. Não posso deixar, será que você me entende? Não, você não me entende. Olhe, meu coração é de madeira. Nem mesmo assim gostaria de tê-lo? Madeira de uma cerejeira.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Eu não sou a doninha de ninguém.

É incrivelmente encantador ver as pessoas apaixonadas. O sorriso amoroso que uma esboça para outra apenas de vê-la, ou então escutar sua voz ao telefone. O modo como o amor parece um tipo de gás, que ao ser aspirado muda completamente o jeito das pessoas. Suas atitudes ficam mais singelas, o modo como vêem a vida e até o humor fica em alta. Todo dia é dia de sol, e os raios que o mesmo solta parecem atingir suas vidas, iluminando-as com um brilho adorável. Até se for um nebuloso dia de chuva, olhariam para o céu e diriam: "Olhe todas essas gotas de chuva. Encantadoras, não? O meu amor por você é maior que o somatório de todas elas".
Sim, é realmente incrível ver como o amor muda a vida das pessoas. É um sentimento forte e indescritível. É assustador como é delicioso sentir-se de alguém. Sentir que é posse de uma pessoa e ela daria o mundo para te ver sorrir. Que antes de dormir ela liga só para ouvir tua voz e falar: "Boa noite, te vejo nos meus sonhos". Como a presença com a pessoa te faz absurdamente feliz, nem que seja por um segundo. E tudo que ela faz e diz, absolutamente tudo, soa como poesia em seus ouvidos.
Eu estava vendo um filme francês, que em um momento do filme uma mulher dissera: "Você já recebeu cartas assim?"; E a personagem principal replica: "Não, não sou a doninha de ninguém". Refleti durante alguns segundos e pensei que também queria ter histórias amorosas para contar. Alguém que esperasse esperançosamente pelo fim de semana, apenas para me ver. Alguém que me ligasse apenas para ouvir minha voz. Algum sentimento verdadeiro. Tudo bem, não desejo desesperadamente por isso. Apenas que aconteça. Mas, sei esperar, sei que o destino é piedoso e o meu já está escrito. Enquanto isso fico aqui, em meu canto com meus sonhos. Em breve serei a doninha de alguém.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Realidade de uma rua.

Esses dias realmente não tem sido muito bons para mim. Um sentimento de angústia e solidão se apossa do meu corpo, sem previsão para ir embora. A tristeza não é passageira, aperta meu coração sufocando-o, sem deixá-lo respirar por um momento. As noites estreladas só conseguem me fazer relaxar por um segundo, e logo a dor volta a tomar conta de meu ser. É difícil conseguir esboçar algum sorriso com problemas martelando em sua mente. Eu tento, mas meus lábios recusam-se a encurvar-se, por maior que seja minha vontade. Acordar é só mais uma obrigação entediante. Tudo bem, decepções são normais, certo? Não deveriam ser. Elas doem tanto. Essa dor vai demorar a passar? Espero que não. Lateja tão forte que até pensar está difícil.
E com esse tipo de pensamento levantei-me e fui à rua. Caminhava tranquila sentindo uma brisa leve bater em meu rosto, porém parecia que a luz do sol não conseguia chegar até ele. Uma escuridão gelada e vazia bloqueava a passagem. Era a minha dor.
Com a cabeça baixa eu seguia o caminho pela rua, e ao levantá-la observei uma senhora que aparentava ter no máximo seus quarenta e cinco anos. Suas pernas eram tortas, acredito que seja por causa de alguma paralisia, e ela se movimentava com a ajuda de um "andador". Porém ela sorria. E ao chegar em casa perguntei ao meu pai, que me contara que ela sempre fora assim. Todos os dias, uma vez pela semana ela tem de dar uma volta pelo bairro, para suas pernas não atrofiarem. E conseguia fazer isso sorrindo e conversando pela rua. E no momento que ouvi essa história, eu já não sentia mais nada. Se ela que tinha todos os motivos para rejeitar sua própria existência sorria, eu, com meus meros problemas também deveria. E foi isso que eu fiz.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Vida.

Ah, quer saber? Que vá tudo para o inferno!

É isso aí, você me ouviu bem, que vá tudo para o inferno. Todos os seus amores acabados e inalcançados, toda sua tristeza, todas as dores do mundo, todos os sonhos que nem chegaram a se realizar e ficaram apenas presos a quatro chaves em uma mente utópica. Olhe pela sua janela, veja os tons de azul que pintam o céu como em um imenso quadro, com cores vivas e surreais. O sol brilha tão fortemente que pode nos cegar a qualquer momento, e o seu calor esquenta o gelo que o meu coração está rodeado. As árvores chacoalham-se ao som da música dos ventos e os pássaros completam a orquestra, enquanto um milhão de guizos de crianças podem ser imaginados espalhados pelo mundo!
Está vendo? Não chove mais lá fora. Parou de chover há um bom tempo, você que não percebeu. Estava olhando para onde? Pequenos detalhes do mundo podem deixar-nos feliz. Você não se sente assim? Então é porque não olhou ao seu redor direito. Porque não tenta desviar os olhos da sua dor, pare de martelá-la em suas costas, que um dia se surpreenderá olhando as pequenas coisas da vida e dirá: "Engraçado, sinto-me feliz outra vez".

domingo, 22 de agosto de 2010

Caminhos.

Fadiga sf. Cansaço, canseira.

É isso que encontro ao abrir o dicionário e ao olhar para minha alma. Sinto-me fadigada, cansada de tudo. De você. E eu juro por Deus que essa será a última vez que escreverei sobre você. Ou, pelo menos juro que tentarei não escrever mais. Sinto uma imensa dor de coluna há semanas. E eu descobri que essa dor é causada pelo peso da angústia de não te ter. De não poder te abraçar, jogar conversa fora e tomar um chocolate quente em uma noite fria de uma sexta-feira qualquer. Eu prometi a mim mesma não desistir, não depois de tanto tempo. Só que não dá, já chega. Cansei de ficar sentada na janela esperando você chegar. Olha só, já é noite. Já é dia. Noite novamente. E você não vem. E com isso o mundo vai mudar, o tempo vai passar, tudo irá se renovar, só eu que continuarei arcaica, sentada nesse pequeno banco de madeira, esperando você. Eu honestamente não quero isso para mim. É hora de abrir os olhos, tirar o tampão de sonhos que os cobre e perceber que há muitas coisas à minha volta. Coisas que eu não percebi antes porque não tirei meus olhos de você. E no final, eu vou conseguir ser feliz sem te ter. Só tenho de lembrar como eu era antes de você chegar. Antes dessa dependência viciante em você se apossar de mim. E eu vou conseguir me lembrar. Já posso me lembrar. E com isso, irei trilhando meu caminho, chutando as pedrinhas que aparecem em minha frente. E você, como sempre seguirá o teu. Quem sabe um dia eles se cruzam? Tanto faz agora também. Eu só quero ser feliz.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Desejo.

Não sou insana, tresloucada. Apenas tenho um objetivo, e irei alcançá-lo. Minha meta, motivo de meus doces devaneios e sonhos. Fecho os olhos e quase posso imaginar como será o dia que finalmente irei conseguir. A textura da pele, o sabor, o aroma. De você. É isso que eu anseio fortemente, cada célula do meu corpo se debate por você. Depois de tanto tempo, qualquer pessoa sã desistiria, não é? Mas, eu não vou. Meu corpo treme e se arrepia dos pés à cabeça só de pensar no momento que estarei em seus braços. No momento que poderei roçar meu nariz em seu pescoço, te apertar contra meu corpo e sorrir por saber que é finalmente meu. E é por essa sensação que não desisto, nem irei desistir. Mesmo que ninguém acredite ( muito menos você), eu sei, eu sinto que sou tudo o que precisa. Eu sou seu riso, seu jeito, eu sou você. E você será eu. Meu. Em breve. Muito mais em breve do que imagina.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Diferentemente parecidos.

- Mas, nós somos completamente opostos! - Ela mexia-se nervosamente de um lado para o outro da sala, causando leves tonturas em uma outra mulher que habitava o recinto. - Somos muito diferentes. - Ela enfim deu-se por cansada e jogou-se de qualquer jeito sobre o sofá, encarando o chão com um olhar perdido. - Porque acha isso? - A mulher que estava ao seu lado perguntou. - Vocês são tão parecidos. - Ela finalizou. - Não somos. Eu me moldei a ele. Sou as músicas que ele escuta, os filmes que vê, suas gírias, seu modo de falar e de sorrir. Por isso somos parecidos. Mas... Essa não sou eu. E além do mais, ele é de Gêmeos e eu sou de Áries. - A garota pronunciou e a mulher ao seu lado sorriu. - Eu acho que vocês tem mais em comum do que pensa. Não culpe a astrologia, ou o que quer que seja. As manias dele estão em você, como as suas nele. Um relacionamento é composto assim, de trocas. Doamos virtudes nossas, e recebemos as dos outros. - A mulher dissera, sendo encarada curiosamente. - Mas, se fosse assim, teria dado certo. - Ela falara, desviando o olhar para o chão. - Quem disse que não deu? Deu certo no tempo que ocorreu. Se não tivesse dado certo, nem teria começado.

domingo, 15 de agosto de 2010

Venenoso.

Você se rebela, se debate, me fere, sai correndo. Sem se preocupar se seu veneno vai me corroer por dentro como um ácido sem antídoto, que dissolve dolorosamente toda a alegria que brota em meu ser assim que te vejo. E eu continuo me arrastando atrás de você, como uma presa viciada no veneno da serpente. Engolindo poeira e tendo minha pele arranhada pelo chão asfaltado. E você se delicia com cada parte da minha dor. Cada momento que imploro por um simples ato de afeto seu. Nem que seja o brotar de um pequeno sorriso de seus lábios. Aproveite enquanto pode, pois um dia cansarei de rastejar e me levantarei do chão. Aí então você sentirá a dor incurável da minha ferroada...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Quadro.

Fiquei parada durante alguns minutos, observando o quadro de uma jovem garota a minha frente. Ela mirava o mar, com um olhar vazio e triste. O dia estava nublado e a praia deserta. A mulher que estava ao meu lado suspirou. - Ela parece tão triste - Ouvi a voz feminina ao meu lado murmurar. - Ela está triste. - Falei quase em um suspiro, encarando o quadro a minha frente. - Por quê? - A mulher perguntou-me. - Talvez seja porque quem ela ama, está longe. - Eu suspirei mais uma vez e desviei o olhar do quadro. - Por isso o olhar vazio e triste... Está pensando no seu amado. - A voz suave ao meu lado falou como se pensasse alto. - Ela está pensando porque não pode estar com ele, dias nublados fazem-na feliz. Por isso encara o mar, despejando nele todas suas mágoas e utopias. - Eu falei e elevei meus olhos mais uma vez a minha pintura. - Eu acho que a menina deveria agir ao invés de ficar pensando tanto. Um sonho só é uma utopia quando a gente quer. Deveríamos parar de colocar obstáculos e lutar atrás do que queremos. A vida não é tão difícil quanto parece. Apenas temos de tirar a venda que nos cega e enxergar além, e ver que logo alí, atrás das nuvens do dia nublado - A mulher apontou para o meu quadro - Existe um lindo arco-íris. Só na espera de ser alcançado! - Encarei ao lado e a vi esboçar um sorriso, caminhando para fora do local logo em seguida.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Você.

Você ainda está aqui. Seu sorriso branco entorpece meus sentidos, me fazendo perder forças ao vê-lo se abrir. Seus olhos castanhos cor de avelã que eu tanto queria mergulhar como em um profundo oceano, perdendo-me neles e não querendo encontrar a saída. Sua voz rouca que me agrada ao ser pronunciada e arrepia-me da cabeça aos pés. Você ainda está aqui. O jeito como fala comigo, suas brincadeiras, suas manias. A vontade que tenho de te abraçar e te pedir baixinho ao pé do ouvido que esqueça do mundo junto comigo. Que sejamos só nós dois, e mais ninguém. Você não está aqui. Eu sei disso ao encarar o espaço vazio ao meu lado. Você vai demorar a chegar? Nem que seja para eu te olhar de longe, desejando da forma mais árdua possível tudo que não posso ter. Nem que seja para ficarmos em silêncio. Mas, eu realmente preciso de você ao meu lado. No meu coração já não basta mais.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Livro.

Te quero de alma e coração. Quero a suas mordidas no canto da boca, seu sorriso divertido, sua mão colocada propositalmente sobre a face quando está envergonhado, suas gírias, o jeito como canta MPB, seu mau humor, sua forma rabugenta de tratar os outros, sua gula por leitura e filmes antigos, seu jeito de criticar, seus vícios, suas histórias mirabolantes. Te aceito com todos seus defeitos e virtudes, os quais já sei de cor. Você é como um livro que eu gravei do início ao fim, cada página, cada linha e palavra. Eu te quero mais do que você possa (ou não) imaginar. Talvez você não saiba. Talvez sim. Enquanto isso, vou te colocar alí na estante. Estou só esperando o momento certo para ler o capítulo final.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Mudanças.

Você sabe que eu não sou fácil. Sou assim, de mil faces. Mil rostos que se perdem e se confundem dentro de mim. Tresloucada. As vezes até chego a pensar que tenho Síndrome de Asperger. Ou talvez não. Talvez eu só esteja cansada de todos vocês. Cansada de pessoas que não me completam, músicas incompatíveis e amores irreais. Gostaria eu de poder interagir com os outros. Mas me incomoda, me fere, não consigo. Eles simplesmente não parecem bons o bastante para minha loucura. Idéias iguais, comportamentos iguais, gostos iguais. Isso é muito para mim. Não aceito, e não irei aceitar. Não sou obrigada a engolir pessoas que não me completam, com gostos e idéias opostas as minhas. Me chamavam de arrogante, não sou mais. Continuo com as mesmas idéias sobre todos, mas passei a empurrá-los garganta à dentro. Não me satisfazem, mas isso é preciso. E ao ler Caio, me encontro em suas palavras: "Eu mudei muito, e não preciso que acreditem na minha mudança para que eu tenha mudado".

domingo, 1 de agosto de 2010

Ilusão.

A minha cabeça dói. Aperta, de uma forma insuportável. Sinto como se estivessem esmagando fortemente todas minhas ilusões. E isso dói, dói, dói. É insuportável você pensar que não terá mais em que se agarrar. Não terá um refúgio para se esconder quando o céu desabar e estrelas de lata ferirem suas mãos. Pressiono minha cabeça a fim de parar com essa dor que me dilacera por dentro. Pouco a pouco, arrancando cada parte de mim. Cada refúgio, cada memória que guardei a quatro chaves em minha mente, quando tivesse de desaparecer. E eu sinto lágrimas escorrerem pelo meu rosto, e com elas escorre alguma ilusão. Não, não deixem-nas ir. Eu preciso delas. Abro os olhos e encaro o chão, com seu piso enlamaçado e começo a entender. Viver de ilusões, é não viver.