sexta-feira, 27 de maio de 2011

Colecionando dias

Neste mundo alarido e ardiloso, há pessoas que possuem o certo hábito de colecionar coisas. Conheço alguns pândegos que colecionam livros; outros que colecionam moedas. Loucos que colecionam besouros. Tênues que colecionam borboletas. Eu coleciono dias.

Possuo uma enorme caixa feita de devaneios. Nela, há meus preciosos dias. Lá dentro, estão separados e existe de todos os tipos: Dias ensolarados onde as nuvens passeiam pelo céu, fazendo um carinho suave nas gaivotas; Dias cinzentos e tristes, onde lágrimas de chuva caem do céu, molhando toda a superfície da terra com suas mágoas. Há os dias mornos, onde um pôr-do-sol a tarde não lhe deixa nem triste, nem feliz. Apenas aquela sensação confortável de satisfação. Em um canto, escondidos, estão os dias que eu achei que nada teria solução. Escuros, mas pareciam à noite. Estes dias não valem muito à pena serem revistos; Apenas estão lá para que eu lembre que aconteceram.

E conforme o tempo frugal passa, eu vou colocando mais dias dentro da minha caixa. Nela, eles tornam-se perenes. Reviro-a, às vezes, procurando um dia específico, sem sucesso. É um dia que as nuvens parecem alegres, pelo céu ter sido pintado com as tonalidades de rosa e laranja; O vento sopra tranquilo e um par de olhos penetrantes me observa, com uma ternura inimaginável. Esse dia não existe. Mas, tem um lugar especial na caixa guardado exatamente para ele.