terça-feira, 31 de agosto de 2010

Cerejeira.

Desculpa, mas, é assim que eu me sinto. Absurdamente feliz em um minuto, triste no segundo seguinte. Sorrindo em uma hora; outrora chorando pela solidão. Feliz pela solidão. Essa sou eu. Uma árvore arcaica cujas raízes ardilosas mudam de lugar sorrateiramente, procurando por sol. Procurando por chuva. Procurando por vento. Procurando por um pedaço que me falta aqui dentro, fazendo com que todas minhas personalidades criem uma gigantesca balbúrdia. Esse pedaço talvez seja você.
Fico calada, tênue em meu espaço, sentindo o gélido vento noturno vir calmamente até mim, convidando-me para uma dança. Fecho meus olhos e tento esquecer de tudo. Limpar minha mente, abrir as portas para novas possibilidades, novas chances. Novos amores. Me desapegar, e deixar o vento ir embora com todas minhas dores, angústias, medos, e você. E o vento tenta se encarregar disso, mas, de alguma forma que não sei explicar, minhas raízes agarram as memórias, não deixando-as ir. Não deixando a dor ir. Talvez seja porque já me acostumei com elas. Talvez seja porque essa dor me lembre você. E por mais que eu deseje de uma maneira insana que tudo isso se vá, ao mesmo tempo eu não quero deixar ir. Não consigo. Não posso deixar, será que você me entende? Não, você não me entende. Olhe, meu coração é de madeira. Nem mesmo assim gostaria de tê-lo? Madeira de uma cerejeira.

4 comentários:

  1. isso me lembra tanta coisa....gostei, gostei demais! muito mesmo!

    belíssimo!

    beijos, beijos e se falta inspiração, tem devaneios profundos que gosto.

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  2. Tão lindo e doce o texto parabéns!!!!!

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  3. Me fez lembrar de mim...
    Ainda sou um pouco assim.

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