O espelho reflete a imagem que eu me recuso a acreditar.
- Olhos dilatados, aperto no peito, como se fosse uma euforia, entende? Ando sorrindo sempre também, e chorando com frequência... Pensativa e emocional.
- Compreendo.
- Então, Doutor. Sofro de quê?
- De amor.
O que eu faço com isso, que habita dentro de mim, que me consome? Cada centímetro da minha pele implora por um toque que não está por perto. Cada segundo que eu não o vejo, me torno exasperada, aflita pelo momento de encontro. Espero ansiosamente por atitudes (que não surgem) e choramingo baixinho, enquanto meus olhos lacrimejam de tal forma que alguém poderia facilmente afogar-se. Eu poderia olhá-lo durante horas e não me enfadar de sua imagem. Nem a mais bela paisagem consegue se comparar com a grandeza de sua beleza. Já dizia Cazuza: "Que prazer mais egoísta o de cuidar de um outro ser, mesmo se dando mais do que se tem pra receber..." Mas, não deveria doer. Não deveria ser assim. É sublime, imensurável, esplendido. Então, porque dói?
- Como assim, Doutor? Como pode o amor ser uma doença?
- O problema é que você sente tudo em dobro. Fica sempre com o peso maior para carregar.
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