terça-feira, 12 de maio de 2015
O conto do menino castanho
Todos os dias era a mesma coisa, acordava desesperado procurando por algo que nunca achava. O coração estava vazio, tal como seus olhos castanhos cor de amêndoa. Levanta-se sonolento da cama e andava, em passos lentos, até a cozinha, observando-a vazia. Olhava atrás do sofá, da porta do quarto, debaixo da cama: e nada. Não achava em lugar nenhum. Às vezes, em dias quentes, sentava-se no encosto da janela e procurava nos classificados dos jornais. Lá de cima ele poderia ver a vista e, quando uma leve brisa primaveril tocava-lhe o rosto, ele se sentia mais tranquilo. O tempo foi passando e o rapaz ficava cada dia mais impaciente. Andava pelas ruas desesperado, encarando todos os rostos desconhecidos a procura de algo que há tanto esperava. No final da tarde, continuava vazio. Mas, em um dia qualquer, quando adentrou seu quarto, encontrou uma caixinha arcaica, marrom escura e, naquele momento, quando a abriu e encarou o pequeno espelho que estava na mesma, achou o que tanto procurava.
domingo, 10 de maio de 2015
Nega da pele cor de café
Nega da pele cor de café, fala pra mim o que você quer, porque não há nada no mundo que eu não faria por você, oh nega! Se tu me pedisse, eu enfeitaria a rua com benitoíte, só pra ver você passar. Andaria do Rio até Marajá e, mesmo que isso não fosse propriamente um lugar, eu o criaria só para você, oh nega! Eu compraria mil rosas tingidas de azul, a levaria no colo até o Rio Grande do Sul se acaso você reclamasse do calor, oh nega! E, se um dia qualquer, eu acordasse de manhã e visse você pedindo acarajé, eu pegaria o primeiro avião só para acalmar seu coração, oh nega! E às três você reclama, diz que quer ir pro samba, diz que quer rodar. Pego uma viola e te acompanho, na corda bamba, vendo você tão feliz que só isso já ajuda a me acalmar. E se você me pedisse um abraço, eu arrancaria mil braços, caso você quisesse um maior. E quando você está entediada, com a cara emburrada, invento um samba de uma nota só. Isso tudo por você, oh nega! Cor de jamelão, tens seu coração duro, afiado e batalhador. Olho no espelho e me vejo completa, pois sou reflexo do seu amor, oh nega!
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